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É preciso defender Cássio

Quantas vezes se deparou com histórias de profissionais que fizeram história e caíram? Isso acontece o tempo todo. Alguns foram fundadores, outros chegaram à presidência e há aqueles que se tornaram ídolos e referências. Até mesmo esses veem suas vidas mudarem do dia para a noite.


O mundo do trabalho costuma tratar bem os seus fora de série, mas o que acontece quando eles não conseguem entregar aquilo que costumavam entregar ou não conseguem manter o alto nível o tempo todo? Estrelas nem sempre brilham com a mesma intensidade e essa fase espelha um fenômeno bem conhecido por altos executivos: a inevitabilidade das adversidades e a importância da resiliência.


Primeiro, esse seleto grupo de craques costuma se transformar em líderes e isso significa assumir responsabilidades muitas vezes acima de sua descrição de cargo, afinal, em um coletivo espera-se também colaboração. Mas é mais fácil apontar o dedo para quem é mais visível, expondo-o ao escrutínio e à crítica. Quando um time não vai bem, a figura mais importante acaba chamando a responsabilidade para si, carregando o peso de toda uma equipe e elevando o seu grau de sacrifício pessoal. Isso evidencia algumas coisas, como coragem ou mesmo o que os norte-americanos costumam chamar de “accountability”.


A solidão do líder é cruel. Tomar decisões o tempo todo, arrumar os problemas que foram criados por outros ao longo do caminho, cobrir os flancos vulneráveis, tudo isso se soma a uma rotina de estudos, treino, reuniões e concentrações. Enquanto isso, a família está longe, apreensiva, sabe que precisa de ajuda, mas sua missão precisa seguir e a distância é um preço a ser pago.


A experiência que o goleiro-lenda do Corinthians está vivendo explicita o que muitos goleiros do mundo corporativo experimentam ao longo de suas carreiras: a fase em que tudo parece dar errado. O risco que ele corre é o mesmo que todos os altos executivos nessa mesma condição acabam provando: a depressão, o medo de deixar a posição, o fantasma da substituição, o fim de uma era. É aí que precisa entrar a reflexão sobre saúde mental, pois chega um momento no qual é preciso dar um passo atrás. Pausa e respiro oxigenam.


O que Cássio e tantos outros grandes goleiros que jogam entre quatro paredes precisam entender é que nem sempre os momentos serão de glória. Nada, entretanto, será mais importante do que priorizar a mente e o corpo e ter a consciência de que às vezes é melhor tirar o time de campo e se preparar para um retorno triunfal, porque não há mal que dure para sempre.


Ser paciente e perseverante é um bom caminho para recomeçar, voltar mais forte e fazer valer tudo o que já construiu.




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