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Quem é esse novo profissional da Comunicação?

Dois dos profissionais de Comunicação que mais respeito e admiro falaram praticamente a mesma coisa na última semana. O curioso é que certamente um não faz a menor ideia de quem seja o outro, porque literalmente um oceano os divide. Em entrevistas, Eduardo Vieira , diretor de Comunicação do SoftBank para a América Latina; e Enrique Sueiro, professor do IE Business School, na Espanha, trataram do novo profissional de Comunicação. Com diferentes matizes, mas com a mesma essência, foram unânimes ao definir esse novo perfil como uma colagem de diferentes disciplinas, longe dos silos que vimos surgir no início de nossa carreira, quando havia uma fronteira clara entre jornalismo, publicidade, relações públicas, marketing ou design.

Para Eduardo, o mundo digital transformou para sempre a vida em nosso ofício, e provavelmente de muitos outros, e a adaptação passou a fazer parte do modus operandi e, por que não dizer, do modus vivendi. Isso aconteceu naturalmente, como Darwin sempre previu. Hoje, para termos sucesso e fazermos o nosso trabalho bem-feito é preciso ser um recorte de cada especialidade. ‘Os limites se tornaram permeáveis, e essa fusão é o que impulsiona a inovação. Para se destacar em um ambiente de constante mudança, você precisa se armar de habilidades técnicas, mas também precisa estar mentalmente preparado para evoluir”, vaticina. Já Sueiro afirma que é preciso termos humildade para aprender e que esse aprendizado precisa ir além de nossas técnicas, incorporando outras áreas de conhecimento como estratégia, finanças e controle gerencial.

Podemos incluir, ainda, algumas outras peças na engrenagem, repetindo aqui o que o Fabio Betti propôs na sua teoria da Comunicação 3.0 há alguns anos e que foi criada com a ajuda de 50 “subversivos”, como ele costumava dizer, que priorizaram o novo perfil a partir de temas que incluíam rede de comunicadores informais e gestão do conhecimento, em uma clara alusão à troca de informações e experiências entre pessoas de ofício e pessoas com o DNA do ofício.

Quando experimentamos a co-criação em rede na Corall Comm (então braço da Corall Consultoria), um experimento magnífico que propôs uma nova forma de atuar do profissional de Comunicação, vi um novo significado para aquilo que estava saltando aos nossos olhos, mas que até então não conseguíamos enxergar com clareza. O novo comunicólogo não era mais um gerador de conteúdo ou um administrador de canais, mas um articulador de redes que tinha como missão juntar cabos rotos e conectar toda uma organização por meio de suas habilidades de influência e persuasão.

As coisas se encaixam. Não há como ter um papel tão relevante em uma empresa se não há nesse profissional a perspectiva completa das transformações que acontecem na sociedade e na perspectiva do outro que queremos influenciar.

Para isso não basta o empirismo ou a empatia. É preciso entender um pouco de tudo, além de entender tudo sobre a profissão que escolhemos. A ordem é não parar de aprender.



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