O declínio dos estadistas
- Luis Alcubierre
- há 9 horas
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Ao relembrar os tempos em que figuras como Churchill, Roosevelt, Reagan, Gorbatchev, Thatcher e Helmut Kohl ajudaram a moldar o mundo com coragem, visão e integridade, apesar de seus conhecidos erros, não podemos deixar de notar como as lideranças atuais se transformaram em caricaturas de poder. Vivemos a era da vaidade, do egoísmo e do egocentrismo em que muitos líderes se deixam levar por espasmos emocionais e, para a surpresa, por assessores com conhecimentos limitados de geopolítica e macroeconomia.
Decisões impulsivas, como as tarifas arbitrárias de Donald Trump, ilustram uma desconexão com as consequências de longo prazo. É inevitável questionar o que aconteceu para que, em um mundo que se regia por ideais de grandeza e sacrifício, hoje prevaleçam lideranças que se alimentam da confrontação instantânea, deixando no ar uma sensação permanente de insegurança. Enquanto as redes sociais amplificam a superficialidade, a inteligência artificial, que já define o presente e vai ser o pão de cada dia do nosso futuro, acaba sendo aplicada, em alguns casos, sem a devida reflexão, visto que o pensamento crítico, fundamental para separar verdades de mentiras, tem sido uma habilidade em queda na formação das pessoas.
Inquieta constatar que o inconsciente coletivo, especialmente no contexto norte-americano, insiste em acreditar que o problema de suas decisões recairá somente nos países tarifados, ignorando o impacto direto no bolso de seus próprios cidadãos. A semana foi insana. Por aqui um influenciador lançou pré-candidatura à Presidência da República afirmando querer ser um “guardião da verdade” e logo constatou-se tratar de um golpe de marketing para promover o audiolivro "1984", de George Orwell, narrado por atores como Lázaro Ramos e Alice Carvalho.
Se já não há líderes capazes de inspirar, como desenvolveremos o desejo em uma nova geração de jovens com pensamento crítico, coletivo e multicultural para as futuras sucessões? A sociedade parece ter perdido os verdadeiros condutores do progresso, a ponto de o caminho ser percorrido como na era das carroças puxadas por animais. Sem os cocheiros, que fique claro. O pensamento ocidental civilizatório, um dos patrimônios mais valiosos deste lado do Planeta, entrou em uma espiral de decadência difícil de acreditar que dará marcha a ré. Quem diria que retroceder seria algo positivo?
Precisamos com urgência de líderes que administrem com responsabilidade e ética, e que não se esqueçam de iluminar e transformar, entendendo antes de tudo as possíveis consequências de seus atos. O futuro depende da capacidade de repensar valores e reconstruir o tecido social com base no conhecimento, na empatia e na responsabilidade coletiva. Do contrário, o cada um por si será a lei.

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