Entre o bem e o mal
- Luis Alcubierre
- 14 de fev.
- 2 min de leitura
O mal se espalha mais facilmente que o bem porque se alimenta da inércia e do instinto, enquanto o bem exige esforço, vigilância e construção contínua. Como disse Bauman, "o mal pode ser infligido instantaneamente, mas o bem requer tempo, cuidado e dedicação".
A corrupção e os regimes autoritários funcionam como a Hidra de Lerna. Cada vez que um de seus tentáculos é cortado, outros surgem em seu lugar - muitas vezes mais fortes e adaptados ao novo contexto. O combate ao mal exige a eliminação de suas manifestações e o enfraquecimento das raízes que o sustentam.
Não sejamos ingênuos, a batalha sempre existiu, mas parece que após esta segunda ascensão de Donald Trump à Casa Branca, o sinal ficou verde para a desconstrução do controle e da boa governança. A erosão dos princípios democráticos, a relativização da verdade e o enfraquecimento das instituições estão deixando um rastro global, encorajando líderes e corporações a testarem os limites da ética e da legalidade sem medo às consequências, como visto por aqui repetidas vezes.
Talvez isso se explique na psicologia. O viés da negatividade faz com que o impacto de um ato corrupto ou antiético ressoe mais rapidamente do que uma conduta íntegra, que muitas vezes é vista como ordinária. Nas palavras da filósofa alemã Hannah Arendt, "o maior mal não é radical, mas extremo e banal'. Ele se infiltra nas estruturas, normaliza desvios e se fortalece na indiferença.
O mundo, amigos, exige um contínuo estado de alerta e a sua permanente vigilância. Nossa conduta, aparentemente ínfima, é o que define os rumos das instituições e da sociedade como um todo. Quando nos acomodamos diante dos pequenos desvios, abrimos caminho para que eles se tornem a norma. A corrupção e o autoritarismo não chegam de forma abrupta, mas se instalam sorrateiramente, explorando cada brecha deixada pela apatia e pelo conformismo.
A história nos mostra que os períodos de permissividade são seguidos por crises e retomadas dolorosas. Esperar que o ciclo se corrija sozinho é uma ilusão perigosa. Se o mal avança com rapidez, o bem precisa ser construído com resiliência e estratégia. Edmund Burke acertou na mosca quando disse que "para o mal triunfar, basta que os bons não façam nada".

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