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Elegância deveria ser um item obrigatório

Seria ingênuo presumir que a vida em sociedade, depois de passado quase um quarto do Século XXI, espelharia hábitos e comportamentos de antes. A velocidade vai impondo tamanha ansiedade nas pessoas que o minuto de hoje se assemelha a uma hora de 30 anos atrás, porque a contemplação simplesmente transformou-se em bem escasso. É nesse atropelo que as pessoas acabam se esbarrando. Se é inevitável assumir que a sociedade muda com o passar das gerações, também podemos concluir que certas regras de convivência poderiam e deveriam ser intocáveis, porque afinal de contas, todos são unânimes no gosto pelo respeito e atenção.

Há um elemento, no entanto, que se destaca nas relações humanas: a elegância. Me refiro àquela que transcende a moda ou a estética; que vai além do vestuário refinado ou da postura física impecável. Diz respeito àquela que nem mesmo o dinheiro ou o poder são capazes de comprar. Refiro-me à elegância na maneira como interagimos com os outros, em como enfrentamos desafios e demonstramos respeito mútuo. Essa elegância desempenha um papel essencial no enfrentamento de situações difíceis e valoriza qualquer pessoa em momentos de relaxamento.

A educação como base da elegância

A educação é um alicerce fundamental para a elegância. Não se trata apenas do conhecimento adquirido na escola ou em casa, mas também da educação social e emocional que nos permite navegar pelos diferentes cenários da vida, com certa graça e sensibilidade. Uma pessoa bem-educada compreende a importância de ouvir atentamente, de comunicar-se de maneira clara e respeitosa, e de demonstrar empatia nas interações cotidianas. Esses princípios são a base sobre a qual a elegância se constrói e eles ajudam a edificar uma série de protocolos não escritos que convidam as pessoas para uma dança sutil, que guia suas interações e promove um ambiente de harmonia. Os protocolos não têm a pretensão de criar rigidez, mas tornar contatos mais fluidos e respeitosos. A maneira como cumprimentamos, como tratamos o próximo e como respeitamos os espaços pessoais são exemplos que contribuem para as relações saudáveis.

A elegância em uma situação difícil requer dose extra de autocontrole e compreensão. Ela desempenha um papel crucial, pois ajuda a manter a calma e a focar na solução ao invés de levar as pessoas a se perder na emoção, momento quando alguns mostram os seus instintos mais primitivos, revelando uma personalidade insegura e covarde. A elegância, ao fim e ao cabo, permite que a empatia prevaleça sobre a confrontação, tornando possível alcançar soluções mais construtivas.


Porém, a elegância não é um atributo abundante e por isso devemos insistir para que a conduta não se perca. Uma vez meu avô, com quem infelizmente tive pouco contato, disse-me: “Se você tiver de pisar em uma poça d’água, faça-o com elegância. Se tiver que dar uma notícia difícil para alguém, também. Não importa o que tenha de enfrentar, sendo bom ou ruim, mas sempre com elegância”.

Ainda que o corre-corre desenfreado esteja aí, a falta de tempo e o excesso de tarefas insistam em coexistir, temos de parar para refletir e levar esse legado para os nossos filhos e as futuras gerações. Precisamos construir a elegância desde o berço, do contrário seguiremos convivendo com conflitos desnecessários e pessoas sem um pingo de refinamento.



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