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As difíceis lições de um educador

Quando bebês, não temos outra coisa a fazer que descobrir o mundo. Só que ao mesmo tempo em que vamos aprendendo, também estamos ensinando. Quando nossa infância passa como um foguete, aprendemos de outra forma, experimentando e praticando aquilo que nos ensinam na escola e tudo aquilo que nos educam em casa. Não percebemos, mas também estamos ensinando. Quando chegamos à adolescência, as descobertas são mais emocionantes, mas os erros tendem a trazer maiores riscos. É quando em teoria deveríamos aprender mais e é exatamente a fase em que também ensinamos mais.


A vida é um contínuo mar de aprendizado porque nós, pais, independentemente de sermos novatos ou veteranos nessa jornada, estamos sempre aprendendo, simplesmente porque não viemos prontos para assumir esse papel. O desafio maior de educar é equacionar valores e princípios aprendidos em um remoto passado com os avanços sociais das gerações que passam a dar continuidade ao legado.

O famoso choque de gerações é dos mais fortes. Seria injusto comparar as dificuldades que vivemos hoje com aquelas que foram vivenciadas por nossos pais, avós e antepassados mais distantes, pois os contextos são muito diferentes, mas que não está sendo fácil, não está. Sou dos pais tardios da Geração X. Minha galerinha ainda não chegou à metade da adolescência. O sarrafo que eu e tantos outros como eu temos de encarar não mede altura, mas a distância temporal que nos separa e a velocidade dos acontecimentos na atualidade.

As rápidas transformações sociais e tecnológicas que caracterizam nossa era impõem aos pais uma responsabilidade maior: liderar o diálogo intergeracional de forma consciente e eficaz. Isso envolve compreender como as gerações mais jovens pensam e operam, e, tão desafiador quanto, fazê-las entender por que operamos em uma frequência diferente. Evitar cair na cilada da tirania ou do "laissez-faire" exige encontrar o equilíbrio, embora esse seja um caminho longo e trabalhoso. Como adultos, nossa missão vai além de impor lições e regras; devemos ser facilitadores no entendimento das complexidades que permeiam as gerações mais jovens, e até mesmo as nossas próprias. A experiência que acumulamos não apenas convida, mas exige que atuemos sem lamúrias.

A revolução digital, exemplificando, molda a realidade dos jovens de maneira radicalmente diferente do que vivemos no passado, representando uma das maiores lacunas de entendimento. Enquanto para nós a virtualidade pode parecer prejudicial, para eles é tão intrínseca quanto respirar. É crucial reconhecer que a tecnologia não é apenas uma ferramenta, mas um ambiente que influencia a percepção e as interações dos jovens. O diálogo deve destacar essas diferenças, explorando conexões que moldam identidades e valores.

Portanto, o desafio passa a ser compreender, mas também aceitar e abraçar a evolução constante. Resistir à mudança certamente imporá barreiras ao diálogo. Como pais, é nosso dever entender essas complexidades e adaptar nossas abordagens para refletir uma compreensão mais profunda do mundo que nossos filhos enfrentam.

A qualidade do diálogo com as gerações mais jovens determina a força dos laços familiares e a capacidade da sociedade de evoluir. Assumir a responsabilidade de liderar essa conversa de maneira proativa moldará um futuro mais equitativo e compreensivo. Pedir ajuda a especialistas é válido, pois nem sempre estamos certos. Aliás, erramos bastante e por isso aprendemos.

E o óbvio se apresenta. As relações humanas, para evoluir, dependem basicamente de amor e confiança. Se quisermos fortalecer os alicerces de uma sociedade saudável e sustentável, precisamos começar em casa.



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