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Comunicação imprudente

O chilique, planejado ou não, de Felipe Melo, jogador afastado pela Sociedade Esportiva Palmeiras, é um ótimo exemplo do que não se fazer em uma organização e em lugar algum. Para quem não acompanha o futebol ou esteve à margem do noticiário neste início de agosto, um resumo: o técnico do clube, Alexi Stival, mais conhecido como Cuca, andava insatisfeito com o desempenho do atleta, ainda mais com o seu comportamento. Após a eliminação da equipe na Copa do Brasil, os dois se desentenderam porque, segundo relatos, Felipe Melo “pagou geral“ contra seus colegas no vestiário e Cuca viu nisso um by pass à sua autoridade.


A gota d’água aconteceu alguns dias depois. O professor não escalou Melo para o jogo seguinte, o que levou o meio-campista a manifestar profundo descontentamento. Só que a forma da reação foi infantil. Deixou vazar uma gravação de conversa mantida entre ele e um amigo, na qual destilava sua raiva contra Cuca, imaginando estar blindado por sua história de bom jogador, atleta raçudo e pelas características do mercado da bola, que tem pouca memória e valores voláteis. “Aqui não tem jeito, aqui já era. Com esse cara eu não trabalho”. E disse ainda: “Se não me quiserem, há uma fila de clubes interessados". Citou vários deles. No último sábado, em coletiva, o técnico informou que já não contaria mais com o jogador.

Vez ou outra nos deparamos com situações que estimulam o ser mais primitivo que habita o nosso ser. É nessa hora que se deve colocar o batalhão do superego para trabalhar. Segurar o mimimi, desenvolver a inteligência emocional, tocar a vida em frente e buscar o melhor que podemos fazer para virar o jogo, passar por cima das coisas que aparentemente nos perturbam e recuperar o ânimo para voltar a fazer gols e ganhar títulos.

Melo foi uma das contratações mais badaladas e caras do clube. Nada muito diferente do que ocorre quando bons executivos de forte personalidade incorporam-se às empresas. Mas diferentemente do futebol, se uma atitude dessas acontece no mundo corporativo, o passe do executivo queima como graveto na fogueira não apenas no lugar em que trabalha, mas também no mercado. Ficar insatisfeito é um direito, mas questionar a autoridade e expor essa insatisfação é uma atitude inocente que revela o despreparo emocional para determinados papéis que se esperam das pessoas.

Foto: Andres Stapff | Reuters

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