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Parta do princípio de que o outro pode ter razão

Tenho tido a oportunidade de compartilhar com jovens e não tão jovens profissionais algumas experiências que vivi. Nas conversas, repito seguidamente sobre a importância do respeito e da tolerância, da visão em perspectiva e do necessário equilíbrio do ego para a construção de relacionamentos de alto nível. Não nasci achando isso. Até quem me conhece de tempos passados sabe onde errei e quando errei. Em determinado período de minha carreira tive uma ascensão meteórica. Fui promovido duas vezes de cargo em apenas dois anos, dupliquei meu salário, fiz jus a benefícios de gente grande e achei que ninguém me pararia. Mas acreditei que minhas competências técnicas eram suficientes para manter-me no topo, até o dia em que o chefe me chamou e explicou que o azul não era tão azul. Foi um choque de realidade que me levou a fazer um ano sabático, refletir sobre os meus erros e reconstruir-me como profissional. Foi uma sorte grande ter feito isso. Voltei renovado, disposto a entender o que havia se passado e aprender a fazer as coisas de modo diferente. Esse tempo, confesso, me conscientizou a fazer as coisas de outro jeito, mas não me explicou exatamente o que eu deveria fazer. Escolhi recomeçar em silêncio e com muito cuidado, evitando caminhos sem saída.

Passei a acreditar, entretanto, que deveria me aproximar mais das pessoas, construir alianças em benefício comum, abrir mão de algumas certezas e seguir as opiniões dos outros sem me ferir, pois se há um traço de grandeza nas pessoas esse é o de admitir que o outro pode ter razão e que não há mal nenhum em assumirmos estar enganados sobre aquilo que acreditamos. Voltei ao mercado e, ao recolocar o trem em seu devido trilho, veja só, as coisas começaram a funcionar melhor. Minha carreira voltou a dar um salto e até expatriado fui em uma das mais espetaculares experiências pessoais e profissionais que experimentei. Ao longo desse tempo, alguns fatos marcaram minha trajetória, mas três deles foram decisivos para chegar à conclusão que cheguei sobre construir relacionamentos de alto nível e ampliar competências comportamentais necessárias para minha função de liderança: um curso sobre negociação e um treinamento sobre autoconhecimento, bancados pela empresa, e um almoço com o meu chefe. Em comum entre essas três passagens, a importância que devemos dar aos outros, o exercício empático, a relatividade da verdade e o resultado win-win que deve ser perseguido em qualquer diálogo.

Quando nos damos conta de que o exercício do ouvir nos permite ampliar os horizontes ao falar, estamos evitando conclusões precipitadas, perdas de tempo e dinheiro e mais do que isso, estamos conquistando a confiança das pessoas e o apoio delas em nossas tarefas. Isso serve para qualquer tipo de relacionamento. É de fato muito curioso que um profissional de comunicação como eu não estivesse exercendo as próprias técnicas aprendidas na escola e na prática sobre a profissão que havia escolhido. Comunicar é acima de tudo um ato de solidariedade e respeito e poucos se dão conta de que as perspectivas se somam e não dividem.


No momento em que passei a entrar em qualquer situação acreditando que o outro poderia ter razão, me despi de preconceitos e abri um mundo de oportunidades para somar ideias e visões dos outros às minhas. Isso até hoje faz com que passe a contribuir e participar mais com os demais para a construção de propósitos maiores e mais relevantes. Se você se viu um pouco neste texto, que tal tentar também?


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